quarta-feira, 23 de março de 2011

Perseguição intolerável

Se amam a liberdade desafio a que publiquem esta carta

Empatar a Justiça matar a cidadania


Acompanhei com alguma curiosidade e muito interesse as audiências de julgamento de um caso em que era Autor (queixoso) o presidente do governo regional. Foram cinco longos meses de trabalho para magistrados, testemunhas, advogados, oficiais judiciais e, sobretudo, para os réus, o anterior director do DIÁRIO, Luís Calisto, e um jovem trabalhador da área da construção civil. Motivo: a resposta que este deu a uma pergunta "on-line" do DN sobre a continuidade ou não do dito presidente à frente do futuro governo: "Não, ao menos, para não continuar a beneficiar o mesmo clã que o apoia". Por isto e só por isto --- que pertence à literatura política desta aldeia --- arma-se um processo, convoca-se um tribunal, perde-se tempo, gasta-se dinheiro, rebenta-se com a paz das famílias, enfim, mata-se a mais pura cidadania inscrita na Constituição da República Portuguesa: o direito à livre apreciação da governação.



Devo dizer que, ao verificar o aparato da audiência, as togas dos magistrados, os primorosos acabamentos da sala, perguntei-me a mim próprio, desiludido e revoltado: Foi para isto que o Estado Novo (Madeira Velha) investiu tanto num grandioso palácio…só para servir os caprichos dos donos da Madeira Nova?

Madeirenses, é tempo de acordar! Então, escolhestes um Homem para governar ou um "bufo-queixinhas" para vos sentar no banco dos réus? Escolhestes um tutor dos vossos interesses ou um perseguidor das vossas vidas?...Todos foram obrigados a comparecer no tribunal: Juíz, Ministério Público, Advogados, Réus, Testemunhas. Todos, menos um: o "queixinhas", escondido no seu bunker ou na sua toca, orelhas fitadas, olhar doentio, fumegante, pronto a atirar-se às pernas do primeiro que se lhe oponha, para acossar-lhe a vida e roubar-lhe o que de mais precioso possui, o dom da liberdade, o direito à cidadania.



Aliás, foi notória a incomodidade (o prejuízo, digo eu) deste mísero processo, que nem o próprio juiz conseguiu conter-se quando advertiu os promotores da defesa: "Despachem-se com isto. É que tenho processos mais importantes, de crimes, de presos. E até tenho lá dentro mais um processo feito pelo mesmo autor!" O mesmo autor, o mesmo presidente do governo. Ainda por cima, vindo de quem acusa a judicialização da política e apostrofa contra os não eleitos! E é o primeiro a pedir ajuda aos juízes e aos não eleitos para condenar eleitores!



Conterrâneos meus, que geração estamos a formar?... Querem-nos corcundas e surdo-mudos, querem-nos amorfos e anestesiados, querem-nos répteis rastejando diante de qualquer esgazeado vigia da quinta?



Sei do que estou a falar. Também, há 22 anos, o mesmo autor mandou que me expulsassem da Assembleia Regional durante mais de um ano, sem ordenado, só porque denunciei o roubo das pratas, cujo inquérito o PSD "abafara de forma comprometedora". Também fui julgado. Mas ganhei o processo e voltei a entrar de novo, cravo vermelho ao peito, sob o queixo murcho e o olhar caído dos deputados PSD a quem, da tribuna, saudei: "Agradeço a Deus e à Fortuna vos terem conservado a vida para me verem entrar hoje diante de vós, que há um ano me pusestes fora!"



Não podemos calar-nos, não! Somos culpados, todos nós, desta anormal situação semântica que faz da Autonomia sinónimo de Ditadura. Em consciência, não podia deixar de saudar a coragem do jovem trabalhador, que saiu absolvido, vitorioso, da sala de audiência. Parabéns ao DIÁRIO, aos competentes advogados que aceitaram patrocinar esta causa, parabéns às distintas testemunhas que deram a cara. Foi convosco que a Madeira passou a ficar mais livre! Mais autónoma!



Comentário acabado de deixar por mim no DN:

Sobre esta situação de que eu já tinha conhecimento apesar de estar no segredo dos deuses só tenho 7 coisas a acrescentar:

1ª - A pessoa que se viu nesta embrulhada devia ser indemnizada pelo Estado por este não garantir a livre expressão;
2º - O DN ao ocultar esta história, em que um seu leitor/"colaborador" está a ser perseguido, não fica bem na "pintura";


3º - Os juízes que sabendo estarem a ser instrumento de perseguição no mínimo deviam condenar o acusador - Alberto João Jardim - por litigância de má fé;

4º - Este Alberto João Jardim vai sair pela porta pequena perante todos aqueles que durante estas décadas foram-lhe passando cheques em branco. É possível enganar muita gente durante muito tempo mas não é possível enganar toda a gente durante todo o tempo;

5º- O Estado, o DN, os juizes e o AJJ se se acham difamados pelo que escrevi processem-me pois estou-me a cagar para o aparelho repressivo do Estado;

6º- Ao leitor Martins Junior agradeço ter tomado a iniciativa de dar a conhecer à opinião pública mais esta pérola do estado da democracia na Madeira;

7º- Ao perseguido peço desculpa por os meus impostos estarem a servir para pagar a sua perseguição.






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