quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Governação em tempo de vacas gordas

Miguel Santos in DN (Madeira)

Irracionalismo Governativo
Data: 28-02-2007


Numa altura em que, por opção de AJJ e da sua maioria, se realizarão a curto prazo novas eleições legislativas regionais urge analisar a situação actual da Madeira devido à estratégia de crescimento da governação laranja. Essa estratégia baseou-se numa política de endividamento por forma a, ainda com maior ênfase a partir da adesão à União Europeia (UE) e da vinda de fundos estruturais, financiar a construção de infra-estruturas. Numa primeira fase a aposta foi nas infra-estruturas de transporte, nomeadamente o aeroporto internacional e a via rápida. Estas obras eram, sem qualquer dúvida, essenciais. A existência de um aeroporto internacional permitiu alargar o número e origem das ligações aéreas o que é particularmente importante para uma região turística como a nossa. Do ponto de vista interno, a construção da via rápida permitiu aumentar exponencialmente a mobilidade das pessoas e encurtar distâncias. Em seguida, iniciou-se uma fase de construção de equipamentos sociais e desportivos que demonstrou como, por esta altura, o Governo Regional já se encontrava refém dos lobbies da construção e do seu próprio populismo. Não tanto pelo facto de várias destas obras não serem necessárias mas sobretudo pela forma como foram feitas. Como exemplo, vejamos a decisão de construir piscinas em todos os concelhos, com todos os custos de operação e manutenção associados. Mais racional economicamente seria aproveitar os investimentos feitos na rede viária e que aproximam sobremaneira os concelhos e construir, por exemplo, apenas metade das piscinas. Outro exemplo foram os desvarios em termos de construção de marinas que não acrescentam qualquer mais-valia para a RAM. Mas pior ainda, é esta loucura relativamente à construção do estádio do Marítimo, tal como já tinha sido a do estádio do Nacional. Quando se sabe que dois colossos do futebol mundial como são o AC Milão e o Inter, clubes de uma cidade tão rica como Milão, jogam no mesmo estádio, não se pode senão ficar incrédulos com o que se passa na Madeira... Uma outra decisão que prejudicou os interesses dos cidadãos madeirenses em favor de interesses privados, foi a decisão de não permitir a construção de mais nenhuma grande superfície, barrando a entrada na Madeira de uma das principais cadeias europeias de supermercados de preços baixos que poderiam contribuir para uma baixa do custo de vida regional. Torna-se assim óbvio que a actual maioria, vergada pela necessidade de continuar a satisfazer um enorme conjunto de interesses privados, entrou num ciclo de desperdício, vivendo completamente acima das suas possibilidades, do qual já não tem força para quebrar e que continuam a penalizar a generalidade dos madeirenses.

3 comentários:

MMV disse...

Caro Sr. António,

Amanhã posso passar na UMa para ver uns livros?! ou será ilegal e será impossível facultar-me alguns livros acerca do Implanon e essas coisas?! Era fixe que fossem em inglês...

Ou há algum inconviente...

amsf disse...

Apesar de ainda não estar visível no seu blog respondi-lhe por volta das 17:20 ...

Anônimo disse...

Transcrito do Blog:http://vimaraperesporto.blogspot.com

CARTA ABERTA AO LÍDER DO CDS/PP-QUEM SEMEIA VENTOS...
CARTA ABERTA A PAULO PORTAS - DESFILIAÇÃO DE DELFIM SOUSA
Caro Paulo Portas,

Apresento a minha desfiliação do CDS/PP, após um ciclo longo de 31 anos de militância activa, responsável e empenhada!

O CDS/Partido Popular, na actualidade, não se orienta por nenhuma matriz ideológico-política. Antes pelo contrário, o CDS/PP é uma instituição “disfarçadamente partidária”, liderada por uma coutada de interesses puramente individuais, complexos e obscuros de espírito único – o teu Paulo Portas!

Em 1976, filiei-me no CDS, Partido com um programa democrata-cristão, humanista e personalista, onde a solidariedade, a liberdade e a igualdade não eram palavras vãs, mas princípios e valores políticos de sustentabilidade económica, social e cultural em prol da construção de uma sociedade democrática justa e desenvolvida. A sua Declaração de Princípios era clara e objectiva e aderi sem dúvidas: ”uma organização aberta a todos os democratas do centro – quer do centro-esquerda, quer do centro-direita – que, sinceramente identificados com o 25 de Abril, aceitem o humanismo personalista como filosofia de acção”.

O CDS, nos últimos 13 anos, sofreu vicissitudes e divergiu da linha programática inicial. Durante este tempo lutei contra as mudanças e afirmei que a direita liberal e o neoliberalismo não eram o caminho! Os alertas que evidenciei no XII Congresso Partido, em Setúbal (Fevereiro de 1994), revelaram-se precisas: foi um erro mudar o nome do Partido, mudar o seu programa e sair do Partido Popular Europeu (saliento que no mandato de Ribeiro e Castro pedimos a adesão, mas ainda não entramos, verdade?!). Em suma, foi um erro mudar o que estava certo e caímos a dada passo num Partido do unanimismo obtuso e redutor. Erro Fatal!

Se a liderança de Monteiro (e tua, naturalmente, como ideólogo sombra e director do Jornal Independente) afastou históricos de vulto, a tua liderança propriamente dita, Paulo Portas, foi o descalabro total! Transformaste o CDS/PP num Partido “aparelhista” controlado pelo teu ego, instalaste a traição como método de acção política, afastaste muitos outros militantes históricos, cavaste fossos de discórdia e perseguições internas silenciadas por gente sem o mínimo de escrúpulos (há exemplos e testemunhos escritos que podem ser consultados!). Para teu gáudio e corte pessoal, arregimentaste uma série de militantes medíocres, incompetentes, mas eficazes no objectivo de tudo controlar em favor das ideias do “chefe”.

Que pode fazer um militante do antigo CDS, um político de Centro-esquerda, que já não encontra espaço, nem empatia num PP (populista, sem ideologia, sem valores e princípios) que nunca foi o meu CDS primeiro e originário? Nada, simplesmente resta-me bater com a porta e partir!

És estranho, és um homem só, Paulo Portas! Tens a minha idade, mas estás perdido nas circunstâncias e interstícios que provocas no vício que fazes da política… A tua inteligência é lava escaldante de insegurança e medo patológico do teu próprio caminhar…Na verdade, és um fascínio para qualquer exame ou estudo psicanalítico sobre a mente do político… Ou, melhor, como diz Fernando Pessoa no seu Livro do Desassossego: «Todos temos por onde sermos desprezíveis. Cada um de nós traz consigo um crime feito ou o crime que a alma lhe pede para fazer». Será?

Se estranho não fosse ou coincidência não parecesse, sobes ao poder no CDS/PP na fuga de casos que tens dificuldade em explicar. Vejamos: primeiro foi o caso da “Moderna” e em segundo a tua passagem pelo Governo (?). Aquilo que aparece escrito nos jornais e se fala (mais ou menos discretamente…) nas sedes do Partido, de norte a sul do país, é verdade? O Pires de Lima aconselha-te a mostrares “alguma indiferença” com essas histórias que te fustigam…Eu digo-te para seres frontal e transparente!

A forma precipitada e insensata como exigiste as directas continua ensombrada de um véu inexplicável… Porque essa loucura (qual a pressa e vontade de ferro e fogo: um partido à “cacetada”! ….) de te candidatares à presidência do CDS/PP, sem olhares a meios, não respeitando os estatutos do Partido, independentemente do então Presidente do Partido estar eleito até 2008, pela vontade dos militantes, em congresso nacional? Foi para perderes as eleições autárquicas em Lisboa? Para deixares de fazer oposição a Sócrates e falares quando te é permitido?... Para fazeres descer o CDS/PP nas sondagens?

Os portugueses questionam-se sobre estas situações: Se estamos em democracia como é possível impor a ditadura pela força num Partido político nascido no regime da liberdade que o 25 de Abril nos proporcionou? Como é possível que um ex-governante e os seus seguidores se comportem e mostrem atitudes arruaceiras e medíocres? Querem ser alternativa ao actual Governo com esses pressupostos? Onde estão as propostas de oposição politica alternativa? Se Paulo Portas é deputado na Assembleia da República porque não aproveitou o lugar para trabalhar, isto é para fazer a oposição ao Governo que tanto reclamava de Ribeiro e Castro?

Paulo Portas, não creio na firmeza política que dizes ter, não creio nas razões de pureza política que proclamas. Não demonstras respeito pelas regras democráticas e és um ausente num clima de liberdade! Da tua passagem pelo Governo registo triste e fraca governação. E, na tua actual liderança registo o caciquismo puro e duro das opiniões internas divergentes, do qual ressalvo o último exemplar que fizeste aprovar no Conselho Nacional: a institucionalização das tendências ou constituição de correntes de opinião, ou dito de outro modo, uma forma de acantonar a oposição interna. Assim, em vez de falares com 500 opositores, falas com o representante com assento na comissão política nacional. Isto é, se for um opositor de revelo, ofereces um lugar significativo no Partido e a oposição desaparece de imediato (é ou não é assim?!!!!....). És astuto, tenho de convir!

Por tudo isto, não vejo razões para continuar num partido sem identidade, onde pululam os teus jogos de esperteza vazia e sem destino! Eram estas razões que te queria comunicar e que te fiz chegar no meu último convite de diálogo. Chego ao fim da linha certo de ter cumprido responsavelmente o meu dever! Agora, tu, procura cumprir o teu, melhor do que tens feito e sem silêncios comprometedores!...

Se não mudares de rumo político, vais ser o coveiro dum Partido que, hoje, diz muito pouco aos portugueses!

Delfim Sousa Vila Nova de Gaia, 4 de Dezembro de 2007