quarta-feira, 28 de maio de 2008

A conflitualidade permanente como táctica

Filipe Aveiro in DN (Madeira)

Pensadores da política regional
Data: 16-09-2007

A promessa de paz, de colaboração e de diálogo com o continente, anunciada por A. J. Jardim, nem sequer vigorou um mês! Nessa promessa vislumbrava-se uma táctica de política guerrilheira, visando criar condições favoráveis a uma possível futura revisão da Lei das Finanças Regionais. Parecia um caminho, ruidoso certamente, mas os "pensadores" da política regional acharam que podia resultar… Curioso como nem os próprios autores da ideia consideraram o facto de o principal intérprete ser o rei do improviso! Claro, na primeira tentação, aliciado por mais um braço-de-ferro que a nova lei do aborto lhe permitia, não resistiu. Embora poucos, certamente só alguns bafejados pela iluminação laranja regional compreendam bem tanta contestação ao resultado de um referendo nacional, a uma lei aprovada na Assembleia da República. Ficam por explicar, agora e no futuro, mesmo se alguém um dia achar que isso deve ser valorizado como parte da história regional, as cenas tão tristes quanto hilariantes que ocorreram na Assembleia Legislativa da Madeira. Um líder do grupo parlamentar do PSD a dizer que a RAM "nunca, nunca, nunca" aplicará esta lei; uma deputada do PSD, que não foi apenas infeliz, a dizer que "a função das mulheres é a procriação", e para fim de festa com o presidente a contrariar, no mesmo dia, as declarações do secretário regional. Mais uma dos pensadores do PS. Se uma das funções das mulheres não é procriação, então, nem eu nem o senhor director estaríamos neste mundo. Penso que cada mulher é livre de fazer o que quiser com o seu corpo. Mas o Estado fazer os contribuintes pagar para uma mulher abortar, é mesmo um aborto. Se uma pílula, ou a prevenção de gravidez por outros meios, pode custar ao casal de pombos, uns míseros cêntimos, porque razão todos os contribuintes têm que pagar centenas de euros por um acto de ignorância ou estupidez?.

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