sexta-feira, 28 de setembro de 2007

AJJ e aborto


Olívia Pereira in DN (Madeira)

26-01-2007


Infomail do Sr. Presidente



Acabo de receber o Infomail do Sr. Presidente do Governo da RAM. Foi com especial atenção que li o folheto, até porque é sobre um assunto extremamente delicado, o Aborto, o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez. Eu espero que, caso o Sr. Presidente leia esta minha modesta opinião, não se sinta afrontado. O Sr. Presidente dirigiu-se ao Povo, exprimiu a sua opinião, nós lemos. E eu agora gostaria de deixar a minha opinião. Primeiro, concordo com algumas afirmações que constam no Infomail, nomeadamente com estas frases: 'O Estado e os restantes órgãos da Administração Pública só têm como razão de existência, a Pessoa Humana'; 'Não é a Pessoa Humana que é instrumento ou disposição do Estado' ; Os Valores essenciais da dignidade da Pessoa Humana são a Fronteira que nenhum Estado Democrático pode invadir'. A morte nunca deve ser vista como uma solução para qualquer que seja o problema que se apresente à nossa frente. (...) 'Os Valores essenciais da Dignidade Humana são a fronteira que nenhum Estado Democrático pode invadir', corrijo Senhor Presidente, que nenhum estado, democrático ou não, pode invadir. Então eu pergunto-lhe, qual a dignidade que um ser humano preso a uma cama tem? Qual a dignidade de viver, não vivendo? De estar dependente de uma máquina para poder respirar? Isso não é Vida. Mas a lei está lá, 'não senhor, eutanásia não', o Estado está invadindo aqui a tal fronteira de que o Senhor Presidente fala. (...) Em relação ao Aborto, Sr. Presidente, acho de uma insensibilidade enorme, esta frase que diz, ' Elimina-se a Vida porque, dadas as circunstâncias, há gente que não está para se incomodar, assumir responsabilidades, dar Amor a uma vida gerada'. Sr. Presidente, isto até parece beatice! Nem todas as pessoas nascem em berços de ouro, nem todas as pessoas têm a vida facilitada nem a possibilidade de estudar para abrir mais as mentes, para perceber certas e determinadas coisas. Quando uma mulher decide abortar, não o faz de ânimo leve com certeza. O Sr. Presidente não sabe porque não é mulher, porque não teve de passar pelo mesmo que muitas mulheres passaram. E eu não preciso de repetir as centenas de casos e depoimentos que aparecem relatados nas notícias, de casos de abortos, e das implicações que essa decisão teve na vida dessas mulheres. (...) Os abortos constantes, e camuflados, são consequência desta mentalidade retrógrada, da pobreza extrema que muitas famílias vivem, da vergonha, porque é vergonhoso uma mulher solteira ter um filho. Crime é gastar o dinheiro dos contribuintes em guerras, ao invés de acabar com a fome e com a pobreza. Não acho que o seja um problema uma mulher ser livre de abortar, acho que é uma questão de consciência. Realmente o Sr. Presidente tem razão, a nossa sociedade é cada vez mais hipócrita e cobarde, decadente. O sr. Presidente dirige-se ao povo, como um cidadão e não como um presidente, mas não descura de atacar a oposição, o Orçamento de Estado de 2007, a situação em que o País mergulhou, sempre politicando.

2 comentários:

MMV disse...

Isso na Biblio há pouco trabalho... Anda sempre a ver o arquivo do DN...

Rui Caetano disse...

É disto que gosto, confronto de ideias e argumentos a defender ou a contestar. Assim conseguimos chegar a uma síntese do problema em questão.