segunda-feira, 30 de julho de 2007

As queixinhas do filho único sem espelho !

Martins Júnior in Diário de Notícias (Madeira)


Riso e náusea
Data: 11-03-2007


Reconheço que, a este propósito, já reagi com um humorístico "deixem-me rir". Mas com as sucessivas piruetas que se vêem dia-a-dia o que antes era risível, agora é desprezível. O riso deu lugar à náusea. Para o protagonista-à-força deste minipalco experimental que é a RAM, tudo lhe serve no seu delírio de travesti regionalizado: numa destas noites sonhou ser moageiro ou farinheiro de 31 (ele apresentou-se como cabecilha de uma nova revolução da farinha de há 75 anos atrás), outra noite viu-se na diáfana pele indiana de Mahatma Gandhi e agora cavalga para a própria internacionalização: só que, enquanto o madeirense Ronaldo internacionalizou-se pelo brilho do seu talento desportivo, o outro internacionaliza-se pelas queixinhas ao Tribunal Europeu. Ficou espasmado, por levar os madeirenses a pensar que ele tinha descoberto o caminho marítimo para a Europa, mas ao fim do dia teve que despir a camisola de 'internacional': é que ele não tem competência para aceder ao Tribunal Europeu. Ele já o sabia desde 1990!... Frustrado e derreado por não conseguir enganar os seus apaniguados madeirenses, volta na semi-nudez do seu orgulho, armado em guerrilheiro de esquina e barafusta que não está certo, "que as Regiões deviam ter direito às queixinhas internacionais", que... e mais que... e o homem esguicha, espuma, faísca. Como alguém que tivesse perdido a memória... Desde 1990 ! É é isto que faz voltar a cara para o lado, é isto que já nem sequer faz rir, mas expelir. Logo no meu primeiro ano de mandato à frente da Câmara de Machico, em 1990, dei-me de conta que o homem tinha assinado juntamente com o Primeiro-Ministro o corte de mais de 60% do orçamento municipal. Recordo aos leitores de hoje que dos 33.000 contos/mês a que Machico tinha direito do Orçamento do Estado, só chegavam à Câmara 11.000 contos que nem davam para pagar salários. Tudo obra do 'nosso' homem e de Cavaco Silva. Era a altura em que ele proclamava: "Cavaco Silva é um bom madeirense e o Pe. Martins um reles cubano". Dirigi-me à Presidência da República, fui até junto do Comissário Europeu para as Regiões em Bruxelas... e o 'nosso internacional' ria, espojava na Vigia, charutava e repetia: "Olha o tipo das queixinhas... Aqui ninguém me manda, nem Lisboa nem Bruxelas...". Apesar de tudo, com 67 % de redução das verbas, lutei, poupei e aguentei oito anos no posto que o povo me tinha confiado pelo seu voto. E ainda paguei (Machico pagou) 1.800.000 contos (9 milhões de euros) de dívidas feitas pela gestão PSD. O protagonista-à-força, só por causa de uns míseros 2% chora, atira-se para o chão, bate com os pés, as mãos e a cabeça e... desiste. Já dizia Camões que "um fraco rei faz fraca a gente forte". A Madeira está a perder força com um desestabilizador de nascença. E lá vai ele, pelas praças públicas e pelos adros de igreja, braços abertos como um mártir auto-crucificado ou como um bobo ego-maníaco. É disso que gosta. É só disso que ele gosta. Enquanto o povo não descobrir o genético instinto de quem pensa que é o "filho único da Madeira" e o herdeiro usurpador do nome dos madeirenses...

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