"75 cêntimos de renda? Não brinquem comigo!"
Data: 04-06-2007
Reflecti muito se escrevia ou não esta carta e decidi que não poderia ficar calado perante tamanha vergonha (ou falta dela). Na semana passada, o Diário de Notícias publicou uma reportagem sobre a demolição de um bairro camarário na Cidade do Funchal para construir um bloco de apartamentos. Até aqui, tudo bem, embora sempre considerei que o trabalho dos diversos governos seja proporcionar boa educação, cuidados de saúde, justiça, obras públicas, etc. etc., mas nunca dar casa (mesmo a preços irrisórios) pois cada um tem que saber se "desenrascar". Fiquei e continuo estupefacto por saber que alguns inquilinos se recusam a sair temporariamente (com os custos a serem suportados pela CMF), alegando, entre outros motivos, o não quererem morar numa "gaiola" (leia-se apartamento), exigindo um T4 porque também têm que pensar na filha que já tem 25 anos (coitadinha!) e que na actual casa pagam de renda 75 cêntimos… que há cerca de 50 anos era muito dinheiro. Pois é! Para mim, tais afirmações só têm duas explicações. Ou as pessoas em causa não tem vergonha na cara ou então são mais umas "chulas" que vivem, e bem, às custas do Estado. É gozar com a cara de todos aqueles (e são muitos) que investem o trabalho e o dinheiro de uma vida para ter a sua própria casa pagando duas a três vezes mais de juros em contratos de empréstimos por 40 anos.Chamar de "gaiolas" aos apartamentos que vos são dados quase de borla para depois passarem muito do vosso tempo nas lojas a comprar muitas das coisas que outros (tal como eu) gostaríamos de ter mas não podemos porque os empréstimos bancários no final do mês não o permitem.Isto para não falar nos bons carros que muitas vezes estão parados nestes bairros. Ah! São das vossas visitas! Bem me parecia!!! Como diz o velho ditado, "não custa viver, custa é saber viver".
2 comentários:
É preciso que os Madeirenses tenham consciência de que a Segurança Social madeirense está regionalizada no entanto todas as verbas que ela gere são pagas pela República. Pensões, Subsídios de reinserção (Rendimento mínimo), abono de família, redes de apoio aos idosos, subsídios às Santas Casas da Misericórdia e a todas as instituições da carácter social (religiosas e laicas, etc). Resumindo: o Governo Regional cumprimenta com o chapéu da República.
Dito isto devia ficar por aqui mas porque tento ser intelectualmente honesto vou tirar as devidas ilações.
Da mesma forma que se criou o Centro Internacional de Negócios sem suspeitar sequer das consequências que isso teria para o PIB e consequentemente para os enormes fundos da UE, não se pensou que uma certa "generosidade" posteriormente teria consequências estatísticas e políticas.
É verdade que há muita pobreza na Madeira mas essa pobreza só tem expressão estatística porque o Governo Regional e a Segurança Social aproveitaram-se do facto do dinheiro ser proveniente da República para serem mais tolerantes nomeadamente nos critérios de pobreza.
Tenho a impressão que esta facto poderá ser constatado especialmente na atribuição do actual Rendimento de Insersão, anterior Rendimento Mínimo.
Um estudo estatístico certamente permitiria constatar que nos meses anteriores a eleições os critérios de atribuição deste subsídio eram pouco rigorosos para voltarem a serem apertados meses depois das eleições.
A minha conclusão é que o Governo Regional está a ser vítima de uma armadilha que ele próprio criou. Se todos estes subsídios viessem directamente do orçamento regional certamente que a Segurança Social madeirense não reconheciam tão elevado número de pobres. É fácil cumprimentar com o chapéu dos outros, manter uma reserva de votantes que vivem na dependência do governo no entanto podemos ser atraiçoados pelos números!
Já que o assunto do post era a habitação é necessário recordar aos irresponsáveis independentistas de que a habitação social construida na Madeira contou sempre com 40% de apoio do Instituto Nacional de Habitação.
"Já que o assunto do post era a habitação é necessário recordar aos irresponsáveis independentistas de que a habitação social construida na Madeira contou sempre com 40% de apoio do Instituto Nacional de Habitação." Aposto que são bem poucos os Madeirenses que vivem em habitação social que tem conhecimento disto. Enfim... eu ca não sei onde é que isto vai parar, mas eu vejo a coisa ficar muito negra nos próximos anos se não houver uma limpeza na Madeira...
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