Bruder Says: in http://www.uma.pt/blogs/box-m/
August 22nd, 2006 at 11:56 pm
Eu gosto muito de João Jardim: há algo nele algo da sinceridade e espontaneidade que falta à maior parte da nossa Classe Política. Sabe pôr os pontos nos “iis” e tratar os bois pelos nomes, sempre que necessário; o seu maior defeito é anexo à sua maior qualidade: é arguto e cirúrgico nas palavras com que classifica os defeitos dos outros, mas é incapaz de estender esse dom à análise do seu próprio eu.Quando penso em Alberto João Jardim, consigo ver um pouco daquela melancolia obsoleta de quantos procuravam imaginar o que Portugal seria, se tivessem triunfado, enfim, as expectativas de reforma de “feu” Marcello Caetano, mas aqui acho que erro redondamente: o que Alberto João Jardim afinal representa é aquela maneira oportunista, grosseira e capaz de tudo, que traduz a atávica essência profunda do povo mais atrasado da Ibéria, aquele pontapé que se dá sempre na avó, o reiterado murro na mesa, o palavrão, quando a argumentação lógica chegou ao fim, o golpe baixo no inimigo, mesmo depois de ele já estar caído no chão.Dentro de cada um dos Portugueses, mas daqueles mesmo genuínos, há um pequeno alberto joão jardim, que se manifesta, sempre que ele tenta viver dos subsídios, sempre que evita pagar os impostos, sempre que considera que o seu quintal tem qualquer coisinha que o torna ligeiramente diferente do quintal dos outros, sempre que bota-abaixo qualquer coisa que fuja da mediania, quando enfia a família inteira nos cargos sustentados pelo Estado, quando mete a cunha, quando tapa as misérias com uma colcha espessa, quando prefere a palavra baixa ao uso correcto do dicionário.O que há de misterioso é que este homem, que tão bem incarna a alma do labrego lusitano, se mostre incapaz de ser uma hipóstase do partido a que pertence, ou seja ele, que é o Português-todos-os-Portugueses, não consegue investir-se da dignidade de ser o PSD-todos-os-PSDs. É verdade que lhe falta algo: no fundo, a epígrafe do P.S.D. teria de ser uma pequena espécie de Frankenstein, cosido com a grosseria do Alberto João, a marginalidade do “Major”, a esperteza saloia do Santana, os meios-tons sicilianos do Isaltino, a sem-vergonha do Durão, a baixa suspensão do Marques Mendes, o oportunismo da Zita Seabra, a bimbice do Cavaco, a fealdade da Ferreira Leite, o eterno carácter salvífico do Borges, os permanentes comentários de bancada do Marcelo cabotino, a pose elegante do Pinto-Leite, o longo currículo horizontal da Maria João Avillez, a atracção dos lugares de “alterna” do Menezes e a inevitável jubilação pedófila do Eurico.É por estas e por outras que os, enfim, “meus” andam, de há 900 anos para cá, à avessas com os “dele”, e assim continuaremos, por mais um milénio, se não nos afundarmos no fim do próximo Ciclo de Fundos Comunitários.Senhor Enfermeira, por favor, senhora enfermeira!… O meu Reino, o meu Reino, por um comprimido!…posted by Arrebenta at 2:12 AM
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