José Manuel Correia dos Ramos in Diário de Notícias (Madeira)
Data: 26-05-2007
Desde criança (e já tenho 53 anos), sempre ouvi dizer que a "Sopa do Cardoso" tinha como beneficiários aqueles que, sendo menos bafejados pela sorte, e que sofrendo de evidentes dificuldades na vida, não deveriam ficar sem, pelo menos, uma refeição decente. A "Sopa do Cardoso" é, hoje em dia, uma das poucas garantias para as pessoas que se podem definir como "pobres". Mas, todos nós sabemos que, na verdade, há "muita boa gente" que, não estando propriamente a passar por graves dificuldades, é assídua frequentadora daquele serviço de apoio aos mais carenciados, ali fazendo a sua refeição como se fosse a coisa mais normal deste mundo. Ora, onde está o controlo sobre quem frequenta a "Sopa do Cardoso"? A que critérios obedecem os órgãos gestores daquela entidade? Como se compreende que pessoas bem empregadas, a ganhar o seu salário, sem quaisquer dificuldades, possam usufruir de uma refeição que, para todos os efeitos, não merecem, e da qual ainda têm a pouca-vergonha de se gabar consumir, numa das muitas expressões do miserável "chico-espertismo" que, infelizmente, ainda teima em se fazer sentir na nossa sociedade? Quero aqui expressar a minha indignação sobre este facto, e apelo para que se averigúe o que se passa na "Sopa do Cardoso". Porque, para que aquela entidade possa continuar a desempenhar o seu papel na sociedade madeirense, e para que possa continuar a granjear o nosso apreço e apoio, há que impor decência!.
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