segunda-feira, 25 de junho de 2007

Diário político

Ser oposição a sério na assembleia de freguesia da Madalena do Mar é:

Estar a par da legislação e dos procedimentos contabilísticos que devem reger uma autarquia quando o próprio executivo não está;

Fazer recomendações e críticas sobre a actividade da Junta e da Assembleia e não receber feedback à altura mas ameaças e palavrões;

Ver a sua participação ser omitida ou deturpada na acta;

Ter que, sistematicamente, escrever uma declaração de voto de reprovação da acta (c/ de 2 páginas) para repor as omissões e deturpações, etc;

Desiludir-se com o Tribunal de Contas por este não conseguir, na sua actividade normal, detectar as graves irregularidades financeiras e formais;

Ter que, sistematicamente, escrever uma declaração de voto de reprovação do Orçamento (Dezembro) e Apresentação das Contas (Abril) alertando para os erros formais e denunciando as ilegalidades financeiras a serem cometidas e cometidas respectivamente, etc;


Saber que noutros orgãos autárquicos tais irregularidades também acontecem mas que os membros da oposição não têm conhecimentos para os detectarem ou personalidade suficientemente forte para os denunciarem;

Encontrar o carro riscado durante uma reunião da Assembleia de Freguesia;

Encontrar o carro riscado enquanto faz parte da secção de voto;

Ser ameaçado de agressão, enquanto delegado partidário, numa secção de voto;


Ser "cumprimentado", publicamente, com "carvalhos" e "canas" pelo secretário da Assembleia de Freguesia na "VII Mostra da Banana";

Ver recusado o cumprimento por parte do padre Isidro Rodrigues, publicamente, num cocktail do dia da freguesia e ser enxovalhado verbalmente;

Ouvir discursos no dia da freguesia, por parte do padre Isidro Rodrigues, de enaltecimento do Gov. Regional e diabolisação da oposição socialista;

Ser enxovalhado verbalmente, publicamente, na "VII Mostra da Banana" pelo padre Isidro Rodrigues;

"Sentir" que a "liderança" do PS não se apercebe dos custos pessoais que um eleito anónimo pelo partido "paga" por assumir efectivamente o cargo para que foi eleito;

Perceber que a "liderança" do PS em deslocação à "VII Mostra da Banana" não tem a sensibilidade e inteligência de mostrar que tomou conhecimento de uma denúncia feita por um elemento ali presente a propósito de irregularidades na Junta de Freguesia feita no DN;

Estar numa festa popular e sentir que as poucas pessoas que conhecemos nos evitam, inclusive à nossa mulher e filhos;

Ouvir da parte dos poucos amigos que temos, de fora da freguesia, recomendações para deixar a política com argumentos pouco abonatórios para o partido;

Sentir que a vida familiar e social é prejudicada por ter assumido o mandato e não andar a fazer de conta como a maioria;

Perceber que o partido não tem a inteligência suficiente para criar "redes alternativas de amizade" para obviar ao isolamento a que são votados os elementos que entram em choque com o "sistema". Aliás, no partido socialista, é difícil aliar a política à vida social pois é difícil encontrar casais com filhos. No partido socialista só encontramos líderes solteiros ou divorciados. A constituição de família parece implicar vergar-se ao sistema ou perder a família durante a luta contra o sistema;

Perceber que aquele que devia ser o nosso maior aliado é frequentemente aquele que nos magoa mais. Estou-me a referir ao povo. Não são somente os resultados eleitorais que magoam mas a discriminação a que somos votados por esse povo.

Posso afirmar que enfrentar o PSD é prescindir de muito a troco de nada (c/ de 53,00 euros anuais). Quem conseguir manter a sua integridade num ambiente destes está de parabéns mas não espere reconhecimento de ninguém pois não há-de tê-lo. Quem se vergar ao “sistema” seguirá a sua vida normalmente pois na sociedade madeirense tal comportamento é incentivado e até recomendável.

Quanto a mim, contra toda a racionalidade, não me vergarei ao “sistema” e aos “sistemas”.

12 comentários:

Anônimo disse...

E ficam as perguntas: "Porque é que ainda te ralas? Porquê tanta teimosia? Para quê lutar e para quem?"
Algumas respostas: "Disseste bem: nem o povo nem o partido que defendes se valorizam aquilo que fazes. Os primeiros insultam-te, os segundos evitam-te. E, com isto tudo, vais deixando de parte aqueles que realmente se preocupam e se interessam por aquilo que dizes e fazes. Defender ideologias numa ilha de cegos surdos é o mesmo que bater com a cabeça violentamente contra a parede. Vergar-se não é o termo; é, como dizia alguém que conheço e que passou pelo mesmo que tu, deixar de lutar por quem não nos valoriza. Um abraço de um dos teus poucos amigos. JAM

amsf disse...

"[...]os segundos evitam-te."

Nunca disse que me evitam.

Mal li as primeiras linhas percebi que eras tu...e até pensei deixar a resposta para amanhã pois sei que vais olhar para o horário do meu comentário e dizer "Lá esta ele a perder tempo com politiqueces". Pois é estou aqui há duas horas a fazer os rascunhos das declarações de voto para a próxima reunião e examinar a revisão do orçamento. Tenho trabalho para mais 3 horas mas vai ficar para o resto da semana...e tens razão isto não vai mudar nada!

Já agora obrigado pela visita!

MMV disse...

Caro amsf,

Lamento mas não me comoveu...

Eu fiquei com a sensação que ser do PS é muito muito mau... Socialismo morreu... Você reve-se nas políticas do Governo Nacional contra a nossa Região?! Viu quantos iniciativas serão feitas nos Açores (agora na presidência da UE)? Na Madeira serão 0 (zero)...

Todavia quero mostrar que ser oposição em qualquer lado não é facíl, se voce entrou nisto é porque gosta.

Refere que a própria familia o ignora... Isso é amor ao Partido? ou devo dizer odio ao PSD e ao Governo do PPD?! Diz que não se vergara ao sistema... Qual sistema? Aquele que luta pela Madeira? Se há quem roube... Deve haver... Mas onde não o há?

Se voce o senhor no Governo iria ser um robot... Levantar-se só quando o partido mandasse... Enfim... O que escreveu é pura demagogia!

"Perceber que aquele que devia ser o nosso maior aliado é frequentemente aquele que nos magoa mais. Estou-me a referir ao povo. Não são somente os resultados eleitorais que magoam mas a discriminação a que somos votados por esse povo.

Posso afirmar que enfrentar o PSD é prescindir de muito a troco de nada (c/ de 53,00 euros anuais). Quem conseguir manter a sua integridade num ambiente destes está de parabéns mas não espere reconhecimento de ninguém pois não há-de tê-lo. Quem se vergar ao “sistema” seguirá a sua vida normalmente pois na sociedade madeirense tal comportamento é incentivado e até recomendável.

Quanto a mim, contra toda a racionalidade, não me vergarei ao “sistema” e aos “sistemas”."

Se é assim tão mau... O que lhe motiva? Pode mudar de lugar... Pode vir viver para o Continente...

Gostaria que escrevesse um post a dizer o que lhe motiva a continuar na oposição... É unicamente não se vergar ao poder?

Existe uma "insularidade de democrácia" (se é que assim posso chamar), todavia é porque a oposição pouco ou nada faz para se valorizar e é sempre assim: "Isso está mal..."... Não é capaz de reconhecer nenhum mérito do Governo... Enquanto assim continuar o povo madeirense jamais os reconhecerá!

VIVA À MADEIRA...

MADEIRA SEMPRE...

Um abraço e a boa continuação do blogue... Fico à espera da motivação de continuar na política e a fazer oposição sem ser essa desculpa de não se vergar ao poder...

Anônimo disse...

Divorcio a vista?
Ignorado pelo povo?
Abandonado pelo partido?
Enxovalhado pelo padre da paroquia?
Partido sem casais?

A melhor coisa que deves fazer é emigrar ninguém te atura.

amsf disse...

"Refere que a própria familia o ignora..."
A frase que o levou a concluir isso pode ser ambígua mas uma leitura mais atento permitirá que perceba que o onús de ser membro da oposição recai também sobre mulher e filhos. Ou seja estes também são evitados.

amsf disse...

Ao Anônimo
28 de Junho de 2007 19:50

Cuitado de mim...vou-me suicidar...ninguêm gosta de mim!

Se estás na fila à espera, espera sentado pois em parte nenhuma falo em divórcio. Quanto ao padre podes ficar com ele...ele precisa de um motorista e de uma bengala...podes não ter carta mas certamente estarás habituado a servir de apoio aos parasitas do poder.

MMV disse...

Motivações?

Anônimo disse...

Fixe eu cá gosto de ler estas coisas já que os Malucos do Riso na Tv acabaram!
Lamento: Adultos , pais de família terem pensamentos negativos, gostarem de provocar ou até tirarem o tempo precioso que teem para estar com os filhos para estarem na Net!
Bem seja o que Deus quizer!
Boa sorte para a tua vida e para toda a tua família, precisas, força....ps..........d...........lol

Anônimo disse...

Afinal o Sr. AMSF ate concorda comigo! Ser-se oposição nesta terra não vale a pena! Quer total ausência de escrúpulos por parte daqueles que se perpetuam no poder quer, fundamentalmente, por não haver uma rectaguarda segura a pessoas que, como você, tiveram a coragem de "dar o corpo às balas".
Não será mais fáil e útil fazer-se oposição (aos de cá e aos de lá) se se estiver de "fora", livre de todo e qualquer gibão?!!

amsf disse...

Caro saúl dantas,

Ser oposição em qualquer lado onde não haja rotatividade no poder nunca "vale a pena". É preciso defenir o sentido de "vale a pena". O meu "vale a pena" tem o significado de ser necessário procurar alternativas ao partido que se eternisa no poder...Valer a pena no sentido material só vale a pena para alguns cuja actividade políticamente é muito bem remunerada. Falando da oposição é importante "garantir" que estes sejam os mais honestos, competentes e persistentes e nem sempre assim é.
O nosso sistema político sofre de partidarite aguda pelo que candidaturas independentes são difíceis de implementar. Temos agora um esboço de projecto do Filipe Sousa que poderá ser nas suas consequências um novo João Isidoro (MPT) e enfraquecer o PS em Santa Cruz. Na práctica significa que o PSD/M fica a ganhar. Independentemente deste dano colateral esperemos que a população fique a ganhar.

Como é evidente seria interessante conseguir lançar candidaturas a nível autárquico (freguesias e concelhos) através de um movimento de independetentes. Movimento de independentes que mais tarde não visse os seus elementos mais carismáticos serem pescados pelo PSD ou ingressarem num outro partido. Um movimento de independentes que informalmente tivesse alguma coordenação e seguisse uma estratégia comum mas que nunca fosse capturado pelos partidos...Um movimento de independentes que nesta freguesia fosse de direito, noutra mais de esquerda, noutro ainda com conotações religiosas etc., de acordo com o viver e sentir das respectivas populações. Um movimento capaz de por em causa a partidarite e não um movimento alimentado pelo PSD como forma de dividir a oposição.

Anônimo disse...

Sr.AMSF,se me permite, bem como a todos os participantes deste blog, não vou me identificar, até que um dia alguem o descubra...todavia venho aqui manifestar o grande apreço pelo nivel da sua intervenção em todos os comentários que inteligentemente reproduz nesta tribuna. O Sr.e tantos outros que exprimem as suas ideias neste espaço, anónimos ou nao, contribuem eficazmente para uma mudança que um dia mais cedo ou mais tarde acontecerá, mudança essa que ficará para a história, graças ao seu contributo bem como á coragem dos seus colegas de bancada na Assembleia do povo da Madalena do Mar.

amsf disse...

Caro anónimo,

Com essa até fiquei embaraçado pois não sinto que faça algo de excepcional. Nem na Assembleia de Freguesia da Madalena do Mar nem aqui, no entanto palavras raras como essas são um incentivo.

Obrigado!